A perda de um filho ainda no ventre é um dos momentos mais dolorosos que uma família pode enfrentar. O óbito fetal, definido pela medicina como a morte do feto antes da completa expulsão ou extração do útero a partir de 22 semanas completas de gestação, é um tema sensível e que exige cuidado, tanto no atendimento médico quanto no acolhimento emocional.
Em Rio Branco, o ginecologista e obstetra Edvaldo Amorim é um dos profissionais à frente da Maternidade Bárbara Heliodora, unidade-referência no atendimento a gestantes no estado. O médico explica que o manejo clínico e emocional dessas pacientes é feito com base em protocolos médicos e respeito à singularidade de cada caso.
“Infelizmente, não temos controle sobre todas as gestações, e nossa intenção é sempre que o bebê e a mãe saiam da maternidade saudáveis. Mas, quando ocorre um óbito fetal, nosso papel é cuidar da saúde física e emocional dessa mulher com todo o cuidado necessário”, afirma.
Abortamento antes de 20 semanas de gestação
As causas de morte fetal podem ser diversas, incluindo doenças genéticas, síndromes hipertensivas maternas, infecções, desnutrição e problemas com a placenta. Quando a morte ocorre antes das 20 semanas, o caso é classificado como abortamento.
Segundo o médico, em situações como essa, é possível esperar que o organismo da mulher expulse o feto de forma espontânea, o que pode levar até 30 dias. “Compreendendo a nossa sociedade, onde nem todas as pacientes conseguem assimilar essa conduta, geralmente as internamos e iniciamos a preparação do colo do útero para que haja a eliminação do feto, com posterior curetagem uterina, para evitar infecções e hemorragias” explica.
Morte fetal após 20 semanas de gestação
Para casos de morte fetal após as 20 semanas, Amorim enfatiza que a cesariana não é indicada. “Isso gera muita ansiedade nas pacientes, mas a via vaginal é a mais segura. Mesmo pacientes com cesáreas anteriores ou com o bebê em posição pélvica podem ter um parto normal, porque nosso foco é preservar a saúde da gestante”, esclarece.
O tempo de indução do parto, segundo o especialista, pode variar de 24 a 48 horas, podendo excepcionalmente se estender para três dias. Durante todo o processo, as pacientes são avaliadas regularmente, com exames frequentes para monitorar sua condição. “Estamos atentos a infecções, problemas de coagulação e anemia, e garantimos que o acompanhamento seja completo e seguro. Nosso objetivo é acolher essa mulher em um momento tão difícil e oferecer todo o suporte psicológico, médico e social de que ela precisa”, destaca.
Cuidado e acolhimento
Além do cuidado técnico, a Maternidade Bárbara Heliodora busca oferecer acolhimento para as gestantes e suas famílias. A unidade é gerida pelo governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre), que tem investido em capacitação de profissionais e infraestrutura para garantir um atendimento humanizado e eficiente.
“Estamos de portas abertas para esclarecer dúvidas e encontrar as melhores soluções para cada caso. Nosso compromisso é cuidar, com humanidade e profissionalismo”, afirma.