Pedido da prisão preventiva de Jairton Silveira Bezerra foi assinado na última segunda-feira (28) pelo juiz Marcelo Coelho de Carvalho. Caso ocorreu no domingo (27), no bairro Alto Alegre, em Rio Branco
O principal suspeito pelo assassinato de Paula Gomes da Costa, de 33 anos, identificado como Jairton Silveira Bezerra, de 45 anos, teve a prisão preventiva decretada na última segunda-feira (28) pela prática, em tese, do crime de feminicídio. A vítima foi assassinada no domingo (27), em via pública e em frente à filha na capital acreana.
O documento, assinado pelo juiz da Vara de Plantão da Comarca de Rio Branco Marcelo Coelho de Carvalho, cita que o crime é tipificado pela Lei Maria da Penha, que prevê pena de reclusão de 20 a 40 anos. Ainda na decisão, o juiz indicou a prova da materialidade e indícios da autoria de Jairton no crime.
O juiz explica que, nos depoimentos colhidos pela polícia, o pai do autor identificado como José Bezerra confirmou que estava presente no momento do crime, tentou impedir o filho, porém mesmo assim, Jairton teria golpeado várias vezes a vítima.
Na decisão, também consta que trata-se de crime hediondo, o que evidencia que Jairton é perigoso, já que agiu de forma premeditada após seguir a vítima e não se importou que a filha estava no mesmo local no momento do crime.
Também no documento, o juiz intimou o Ministério Público (MP-AC) e o Juízo da 1ª Vara de Violência Doméstica para que o processo seja encaminhado à Vara competente.
Buscas continuam
Segundo a delegada de Polícia Civil Juliana De Angelis, que acompanha o caso, as equipes seguem em campo em busca da localização do suposto autor. A investigação está a cargo da Delegacia da Mulher (Deam) da capital.
“É preciso para que a gente possa, brevemente, conseguir a sua prisão e realizando todas as diligências, que não é só a prisão que se extingue a investigação, tem outras diligências necessárias [para] que a gente possa garantir que a materialidade e a autoria do crime estejam confirmadas, e para que a gente possa conseguir a condenação desse agressor”, disse.
Jairton, que é gerente em uma loja de tintas da capital acreana, está foragido desde domingo e é o principal suspeito do assassinato de Paula, ocorrido na frente da filha deles de 7 anos. Ele foi casado com ela por 13 anos e não aceitava o fim do relacionamento. O ex-marido também já tinha agredido a vítima em outras ocasiões, o que fez com ela tivesse conseguido uma medida protetiva contra ele.
Ainda de acordo com a delegada, já foram ouvidas testemunhas, feitas requisições de perícias necessárias e representações judiciais para tentar obter a prisão do suspeito e conclusão do inquérito policial.
“Medida protetiva salva vidas. Infelizmente, o caso da Paula entrou numa exceção que cerca de 90% das vítimas de feminicídio não tinham medida em vigor. Qualquer situação de violência deve ser denunciada. Nós temos, em Rio Branco e Cruzeiro do Sul, delegacias especializadas para atendimento à mulher, mas no interior dos municípios temos as delegacias locais que também que são portas de entrada de registro de ocorrência e pedido de medida protetiva”, frisa.
O crime
O assassinato foi testemunhado também pelo pai do suspeito, e ocorreu quando Paula voltava da casa de uma tia, no bairro Alto Alegre, em Rio Branco. Conforme apurado pela Rede Amazônica Acre, Paula foi atacada pelas costas e levou oito facadas. Segundo o Centro de Operações Policiais Militares (Copom), o foragido estava em um veículo de cor branca.
A menina, filha da vítima e do suspeito, foi levada para a casa de uma parente por uma vizinha, pouco depois do crime, e está traumatizada. Ela testemunhou o assassinato da mãe.
De acordo com um familiar que pediu para não ser identificado, ela estava separada de Bezerra há cerca de três meses, e pediu uma medida protetiva por conta de violências que sofria dele.
Ainda segundo um parente de Paula, quando ela estava no caminho, foi abordada pelo ex, que colocou a filha deles no carro. O idoso pai de Bezerra tentou impedir, mas foi empurrado por ele. Logo depois, ele atacou Paula.
“Ele sempre batia nela, mas só agora ela decidiu pedir medida. Da última vez, ele bateu nela no local onde ela trabalha. Por enquanto, a menina não contou muita coisa, está traumatizada. Ela já tinha problema em relação a isso porque ele agredia muito a mãe dela, constantemente. Um cara desse não merece nem ser chamado de gente. Fazer uma crueldade dessa com a própria mãe da filha dele, ele nem pensou na menina, menos no pai dele”, disse.