O câncer é uma das doenças mais desafiadoras da atualidade, não apenas fisicamente, mas também emocionalmente, pois traz dúvidas, incertezas e medos. Nesse contexto, os hospitais especializados em tratamentos oncológicos desempenham um papel crucial na recuperação e no bem-estar dos pacientes.
O Estado do Acre conta com a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia do Acre – UNACON. O hospital foi inaugurado em 2007 e teve a sala de emergência inaugurada em outubro de 2023, é um exemplo no tratamento de pacientes diagnosticados com a doença e tem se destacado pelo trabalho e atuação mais humanizada.
O hospital conta com um serviço de emergência que funciona como pronto atendimento 24 horas e atende pacientes que buscam atendimento emergencial devido as complicações da doença.
Segundo o gerente administrativo do Unacon John Lenon Batista, o hospital conta com uma equipe multidisciplinar.
“Hoje o hospital conta com uma equipe médica de 4 profissionais especialista em oncologia, assistentes sociais, psicólogos, nutricionista, fisioterapeutas, farmacêuticos, dentista e um físico responsável pelos equipamentos de quimioterapia e radioterapia”.
Esperança e força durante o tratamento
Francisco Ribeiro, 78 anos, foi diagnosticado em 2020 com neoplasia maligna da próstata, o segundo tipo de câncer mais comum nos homens. Ele destacou que o diagnóstico da doença foi um dos momentos mais difíceis que ele enfrentou.
“Quando me falaram o resultado do exame eu não entendi muito bem. Já estava no hospital internado devido ao agravamento do quadro infeccioso que eu desenvolvi. Fiquei muito mal e em seguida fui encaminhado para o Unacon e quando eu cheguei lá eu entendi o que era o câncer e o que ele podia fazer com a minha vida.”
Pacientes sem nenhuma comorbidade tem bons resultados durante a quimioterapia, porque durante as sessões os pacientes têm poucos efeitos colaterais o que ajuda no tratamento.
“O início do tratamento ocorreu logo que minha saúde foi estabilizada. Como eu tenho diabetes agravou muito os meus problemas. Quando eu iniciei a quimioterapia eu sofri muito, e quando terminei as sessões foi informado que eu precisava fazer a radioterapia e os últimos dias do tratamento de radioterapia foram os piores. Eu não gosto nem de lembrar, tenho que agradecer, primeiro à Deus, depois aos médicos que me acolheram e me ajudaram e ainda me ajudam a passar por esses momentos”, pontuou.
Para uma das filhas do Francisco, Gleici Freitas, 39, que acompanha o pai no tratamento, o diagnóstico do câncer afeta não só o paciente, mas a família.
“Assim que saiu o diagnóstico nossa família perdeu um pouco do chão, não sabíamos o que fazer. Foi quando recebemos o apoio de outras pessoas que nos ajudaram a enfrentar aquele momento e em especial recebemos o apoio dos funcionários do hospital que entendem que o acolhimento é o primeiro passo”, destacou Freitas.
A compreensão da rede de apoio, da família e do paciente em relação a situação vivida é muito importante durante o tratamento. Entender e respeitar o processo auxilia a lidar com as dificuldades.
“Eu ainda estou lutando contra essa doença e devido a minha idade e outros problemas que tenho eu fico muito mal e preciso vir muitas vezes para a emergência do hospital. Graças a Deus eu sou atendido e acolhido. Agora teve a inauguração mas muita coisa precisa melhorar aqui, como por exemplo ter mais leitos para atender mais gente que precisa”, finalizou Ribeiro.
Acolhimento e humanização no tratamento oncológico
O cuidado humanizado expande a ideia de qualidade nos serviços, é uma parte essencial devido a condição fragilizada do paciente. Tal fato, traz à tona a necessidade de competências que minimizem o sofrimento do doente.
A comunicação entre o paciente e sua rede de apoio é fundamental para o tratamento, pois essa ação envolve a atuação de diferentes frentes seja de amigos, familiares, cuidadores e a própria equipe que atua diretamente no tratamento seja ela de enfermeiros ou médicos.
De acordo com a médica de família e cuidados paliativos Holda Moreno Filha Magalhaes que atua no Unacon há 10 anos, a humanização do paciente com câncer possibilita que profissionais da saúde não enxerguem somente a doença, mas o paciente como um todo.
“Nós aqui no Unacon utilizamos uma abordagem que valoriza o paciente como indivíduo, colocando e entendendo suas necessidades emocionais como prioridade. Nossa finalidade e oferecer um tratado com humanidade. Na verdade, todos ganhamos, médico e paciente, porque o paciente tem o tratamento sendo feito em menor espaço de tempo possível”, pontua Moreno.
Direito dos pacientes oncológicos
Conforme prevê a constituição em seu art. 196: “A saúde é direito de todos e dever do Estado”, toda pessoa tem o direito garantido à saúde, contudo pacientes acometidos com câncer, devem receber atendimento especializado conforme suas necessidades.
No Acre a Lei nº 3.358, de 19 de dezembro de 2017, destaca que além do atendimento médico irrestrito que abrange também o atendimento domiciliar, os pacientes em tratamento oncológico têm direito a atendimento prioritário em diversos estabelecimentos públicos de qualquer natureza e outros direitos garantidos como aposentadoria, saque de FGTS, auxílio-doença, dedução em imposto de renda, entre outros.