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Especial

Empreendedorismo - Era uma vez em Tarauacá 

Parece conto de fadas, mas é real: na contramão da pandemia, município ganha primeiro frigorífico bovino do interior e já gera 60 empregos diretos 

Desafiando todas as probabilidades pessimistas que o cenário atual impõe, a história do tarauacaense José Teles de Oliveira Filho, 42, em plena pandemia do novo Coronavírus, pode até parecer uma fábula – mas é bem real e está mudando a vida daquele município. No último dia 14 de outubro, ele inaugurou o primeiro frigorífico de carne bovina do interior, o Frigordo, já gerando 60 empregos diretos e pelo menos três vezes mais indiretos. 

Por incrível que pareça, a crise foi um divisor de águas. “A pandemia foi muito mais uma oportunidade do que dificuldade para nós. Por conta disso, nós, que até então estávamos com dificuldade de fazer pagamentos, conseguimos escalonar e renegociar com credores. Foi sacrificante, mas para quem já estava por baixo, como era o nosso caso, a crise acabou, de certa forma, ajudando”, observa o empresário. 

A ideia de se instalar um frigorífico em Tarauacá nasceu ainda em 2012. No ano seguinte, Filho, que era produtor rural e sentia a necessidade de se ter um empreendimento do ramo para abastecer o interior com mais agilidade, começou a se organizar para obter a certificação SIF (Serviço de Inspeção Federal). No entanto, ele relata que não foi propriamente a burocracia para se obter o SIF, mas, sim, a inexperiência para a construção de uma empresa desse porte que adiou o sonho em sete anos. 

“Não tínhamos indústria do ramo ‘sifada’ na região, então surgiu a ideia. Mas o investimento era muito alto, precisávamos de mais recursos do que havíamos previsto e isso dificultou o andamento do projeto, que só ficou pronto agora, em 2020. Foi árduo esse processo, mas superamos todos os contratempos, dificuldades e barreiras”, comemora Filho.

002 carneEmpresa está abatendo entre 17 e 20 animais por dia, abastecendo o próprio município e as cidades de Feijó e Cruzeiro do Sul - Foto/Cedida

FAZENDO HISTÓRIA – A empresa, que inaugurou suas atividades nesta semana com uma missa, está abatendo entre 17 e 20 animais por dia, abastecendo o próprio município e as cidades de Feijó e Cruzeiro do Sul, mas a previsão de ápice é de 280 cabeças diárias e abastecer outros estados. Grato, ele cita o apoio de diversas instituições para a concretização deste sonho. “Nossa indústria, hoje, tem inspeção federal, graças à ajuda, entendimento e parceria do Ministério da Agricultura. Não o temos como órgão repressor, mas como parceiro, sempre nos orientando para que, o que estávamos propostos a construir, fosse construído de maneira correta”. 

Braço direito de Teles na empresa, o gerente industrial Francisco Geniberg de Oliveira observa que a região de Tarauacá tem baixa empregabilidade e uma capacidade produtiva primária muito grande. “Quer uma ideia melhor do que montar uma fábrica onde você tem a oportunidade e a necessidade juntas? Então, eu acreditei na ideia e me mudei para cá. É importante entender, como profissional, que há coisas que valem muito mais do que status: que é criar uma coisa sua, uma história nova, participar de uma coisa grandiosa. Isso me orgulha muito”, agradece ele. “Tarauacá ganhou muito com isso e meu desejo é que apareçam mais empresários que não queiram nadar em mar calmo”, completa. 

Outra parceria que o empresário faz questão de agradecer, em um vídeo que mostra as seis dezenas de contratos de trabalho em sua mesa, é a do Sistema FIEAC. Ele menciona o presidente José Adriano como o representante de classe que lhe concedeu todo o suporte necessário. “Adriano é um empreendedor proativo e sempre esteve preocupado e acompanhando nossos passos. Só tenho a agradecer todo o apoio e treinamento do nosso pessoal”, reconheceu. 

003 todosFrigordo contratou o SENAI para qualificar mão de obra para o empreendimento - Foto/Arquivo SENAI

004 inauguracaoFrigordo inaugurou suas atividades nesta semana com uma missa - Foto/Cedida

SENAI qualificou mão de obra do Frigordo   

Ainda em novembro de 2017, o frigorífico Frigordo contratou o SENAI/AC, instituição que faz parte do Sistema FIEAC, para qualificar mão de obra para o empreendimento. E, de imediato, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial formatou um curso de acordo com a necessidade da empresa, que contemplou todo o fluxo do empreendimento, desde recepção até o abate de animais. 

“Ofertamos o curso de Operador de Processos de Produção de Carnes, com 160 horas, para duas turmas e um total de 67 alunos. Foi um esforço que o SENAI fez para atender a demanda da empresa e ficamos muito entusiasmados ao ver os resultados positivos dessa iniciativa, com o frigorífico já em pleno funcionamento. Este é o papel do SENAI, contribuir para qualificação profissional de nossas indústrias”, ressalta o diretor-regional João César Dotto. 

À época da qualificação dos trabalhadores, José Teles Filho enalteceu a parceria com o SENAI. “O município não tinha mão de obra qualificada e o empreendimento tinha intenção de gerar oportunidade de emprego para a comunidade de Tarauacá. Por isso, fizemos contato com a Federação das Indústrias do Estado do Acre (FIEAC) e com o SENAI, que acolheram nossa demanda e prepararam um curso de muita qualidade, incluindo todos os processos da nossa indústria”, concluiu o empresário.

005 telesJosé Teles de Oliveira Filho conta que a ideia de instalar o frigorífico em Tarauacá surgiu ainda em 2012 - Foto/Cedida

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