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Educação

Governo do Acre combate insegurança alimentar durante férias escolares com programa Prato Extra

Governo do Acre combate insegurança alimentar durante férias escolares com programa Prato Extra

Nos últimos dias, dona Aureniza dos Santos junta três vasilhas nas mãos e faz uma caminhada curta até a Escola Clínio Brandão, localizada na Estrada da Floresta, em Rio Branco. Ela vai buscar o almoço dos três filhos que ali estudam e que agora, nas férias, estão tendo a oportunidade, junto aos quase 144 mil alunos da rede pública estadual, de receber um almoço nutritivo e gratuito, fornecido pelo governo do Estado do Acre.

merenda 001 webMerendeiras da Escola Clínio Brandão durante o serviço do programa Prato Extra. Foto: Mardilson Gomes/SEE

É o Prato Extra, programa que garante, além do lanche, almoço para os estudantes. Durante o período de férias escolares, que vai até meados de março, ele está em pleno funcionamento para fornecer alimentação saudável aos alunos que mais necessitam. Trata-se de um esforço do governo para combater a insegurança alimentar, um problema crítico em todo o Brasil, especialmente nas regiões Norte e Nordeste.

Para dona Aureniza, que já foi aluna da Clínio e que trabalha como autônoma, a refeição complementa a alimentação dos filhos e ajuda a família: “É uma delícia, é uma alimentação balanceada; eu não tenho do que me queixar, só tenho que agradecer”.

merenda 002 webDona Aureniza e filha na cantina da Escola Clínio Brandão. Foto: Mardilson Gomes/SEE

As refeições são organizadas e planejadas pela equipe da Divisão de Nutrição da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEE). A nutricionista responsável pelo setor e pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) no estado, Lorena Lima, explica que um cardápio especial foi preparado para o recesso.

Segundo a nutricionista, o Prato Extra veio para reforçar o Pnae e tem por objetivo contribuir com o desenvolvimento, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos. Hoje, esses estudantes têm garantido maior percentual das necessidades nutricionais preconizadas por meio do lanche de entrada e do almoço oferecido nas escolas.

merenda 003 webNutricionista Lorena Lima e coordenador administrativo Cézar Melo durante o serviço do Prato Extra. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Oferecer mais uma refeição serve de incentivo para a frequência às aulas, além de retirar das famílias o peso financeiro de fornecer uma refeição nutritiva e fresca diariamente. “A alimentação escolar também é um compromisso com a qualidade da educação”, observa Lorena.

Nesta primeira semana de recesso da Clínio Brandão, uma média de 80 estudantes tem comparecido por dia. Além de ceder o espaço para o almoço, a escola deu a opção aos alunos de levarem sua porção para casa, por isso, quem passar pela escola, verá muitos pais indo até a unidade com vasilhas nas mãos, buscando alimentação para os filhos que ali cursam o ensino fundamental.

O coordenador administrativo da unidade escolar, Cézar Melo, afirma que neste momento a prioridade da equipe é a alimentação das crianças. “Para nós é muito gratificante ver os pais e os alunos retornando à nossa escola no recesso, para vir buscar o alimento”, afirma.

Outra escola que também está trabalhando com essa prioridade é a João Paulo II, localizada na região da Baixada da Sobral, também na capital. Ali, a média é de mais de 150 alunos por dia. Para Larissa Caroline Mendonça, mãe de Davi Rafael, do terceiro ano do ensino fundamental, a alimentação veio em uma boa hora. “É uma bela iniciativa. A gente sabe que a nossa comunidade é carente. Aqui temos crianças que vêm para a escola com essa necessidade, além do ensino, de alimentação”, relata.

merenda 005 webAlunos da Escola João Paulo II levam almoço para casa. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Quem também aprova a iniciativa é Sofia Gabriele dos Santos, que junto com Davi cursa o terceiro ano na João Paulo II. A pequena estudante conta que o lanche e o almoço servidos na escola são sempre saborosos e quando questionada se gosta de estudar na unidade, a resposta é rápida: “Gosto de estudar, mas gosto mais da merenda”.

Segundo dados recentes do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 30% das crianças e adolescentes no Acre enfrentam insegurança alimentar. Isso significa que eles não têm acesso regular a uma alimentação saudável e equilibrada, o que pode afetar negativamente seu desenvolvimento e bem-estar.

merenda 006 webSofia Gabriele: “Gosto de estudar, mas gosto mais da merenda”. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Anteriormente à implantação do programa, durante as férias escolares, o problema ganhava um agravante, pois os estudantes perdiam o acesso às refeições gratuitas oferecidas nas escolas. Além disso, muitos pais trabalham e não têm tempo para preparar refeições saudáveis para seus filhos, o que pode levar a uma dieta pobre em nutrientes e pouco equilibrada.

Francieude Ribeiro, merendeira da Escola Tancredo de Almeida Neves, também localizada na Sobral, relata que oferecer alimentação aos estudantes durante as férias é um ato de amor de quem administra o Estado, a educação e as escolas, e de quem prepara os alimentos. “Mesmo com essa crise que está no país, graças a este trabalho, a gente tem a oportunidade de proporcionar comida àqueles que estão querendo alimentação. É um trabalho prazeroso, que a gente faz com amor”, revela.

merenda 007 webMerendeira Francieude Ribeiro durante do serviço na Escola Tancredo de Almeida Neves. Foto: Mardilson Gomes/SEE

O gestor da unidade escolar, Laézio Santos, conta que a média de alunos que buscam alimentação na Tancredo é de cerca de 150 estudantes por dia. A grande procura ocorre porque 90% deles moram nas proximidades da escola. “A comunidade está vindo almoçar. Alguns alunos comem na escola, outros preferem trazer a vasilha. A ação está sendo um sucesso”, celebra o gestor.

A insegurança alimentar é uma questão preocupante no Brasil. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2018, cerca de 12,5% da população brasileira sofre com insegurança alimentar. Na Região Norte, esse número é ainda maior, chegando a 21,3%.

merenda 008 webO oferecimento do almoço se estenderá durante todo o período do recesso escolar. Foto: Mardilson Gomes/SEE

Outra pesquisa, realizada pela Universidade Federal do Pará, apontou que a desnutrição é um problema comum na região, afetando cerca de 33% das crianças. Além disso, a pesquisa destacou que a falta de acesso a alimentos saudáveis é um dos principais fatores que contribuem para o problema.

Além da manutenção do programa Prato Extra nas férias, o governo do Acre já havia implementado outras ações para combater o problema da insegurança alimentar, como a distribuição de alimentos que seriam usados na merenda às famílias dos estudantes durante o período de isolamento social decorrente da pandemia da covid-19.

O secretário de Estado de Educação, Aberson Carvalho, afirma que o Prato Extra é o maior programa social do governo e convida todos os alunos que tenham interesse ou necessitem de um almoço balanceado a comparecer à sua escola neste período de férias escolares. “Os alunos são nossa prioridade”, assegura o gestor.

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