O médico infectologista Thor Dantas frequentou as redes sociais no final da semana para, em um vídeo de quase 12 minutos, contestar as afirmações do senador Márcio Bittar (PL) que durante uma entrevista ao jornalista Roberto Vaz, visando angariar a simpatia dos incautos, proclamou que o ex-presidene Jair Bolsonaro (PL) teve comportamento correto ao impor-se durante o surto da covid, negando a ciência e defendendo a ineficácia das vacinas, justo no auge da pandemia.
Ignorância
“Na sua fala, ele demonstra equívocos importantes do ponto de vista científico, que eu, como médico infectologista, professor de medicina e especialista nessa área não posso deixar de fazer as devidas correções”, pontuou Dantas, repreendendo Bittar. Sem cerimônia, Bittar afirmou ao jornalista Vaz que Bolsonaro “estava certo em tudo o que disse” ao defender o uso de medicamentos como cloroquina e ivermectina, minimizar a eficácia das máscaras e questionar as vacinas.
Errático
E segue Thor: “Infelizmente, o ex-presidente não abraçou a vacina, mas ele fez campanha contra mesmo. Todo mundo lembra. Desestimulou as pessoas a tomar, botou medo nas pessoas, ele comprou as vacinas por uma exigência da sociedade, mas fez tudo o que podia para as pessoas não se vacinarem. E ele foi não só contra as vacinas, mas contra as máscaras também”, lembrou.
Luz
Ao final do vídeo, Dantas deixa reflexão que poderia ser abraçada pelo senador negacionista e põe-se a disposição para retirá-lo da escuridão: “Tenho certeza, senador, que o senhor como conservador e eu como liberal, podemos encontrar diversos pontos de convergência em questões do debate público da vida em sociedade. Só penso que não devemos ter compromisso com o erro de ninguém, de centro, de esquerda ou de direita. Se o senhor tem alguma dúvida verdadeira quanto à interpretação dos dados científicos em relação à covid, eu fico à disposição, verdadeiramente, também, para conversarmos sobre esse assunto”, destacou.
Semana épica
O Brasil começa a semana com todas as atenções voltadas para o Supremo Tribunal Federal. Nesta terça-feira, 02, terá início o julgamento da ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. São oito os réus desse núcleo da acusação e cinco os juízes, mas os holofotes estarão concentrados em dois personagens centrais da política brasileira nos últimos anos: o ex-presidente Jair Bolsonaro e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Polêmicas
Entre os pontos que devem gerar debates entre os magistrados, estão a extensão da pena de Bolsonaro, a chamada dosimetria; a hipótese de que os crimes de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito se absorvem e, portanto, devem ser contados como um só; e se o delator, o tenente-coronel Mauro Cid, pode ou não perder os benefícios acertados com a Polícia Federal por ter omitido fatos em seus depoimentos.
Cenário
Apesar das divergências, comuns na Corte Suprema, Moraes tem sido acompanhado pelos demais ministros da Primeira Turma em 95% dos processos criminais em que foi relator. Já Bolsonaro tem sido aconselhado por médicos e aliados a assistir ao julgamento de casa, onde cumpre prisão domiciliar. Em um país que, ao longo de sua história republicana, contabilizou nove golpes de Estado, o julgamento que começa amanhã, com militares no centro, é inédito.
Dissonância
As defesas dos principais acusados — Bolsonaro incluído — criticam a forma como o relator, ministro Alexandre de Moraes, conduziu o processo desde a fase de investigação até o julgamento. Para os advogados, Moraes agiu de forma parcial e demorou a liberar a íntegra do material apreendido pela Polícia Federal, que que embasa a acusação, e que soma 75 terabytes de arquivos, áudios e documentos. O relator também teria acelerado demais a tramitação do processo e impedido a transmissão da acareação entre réus, prejudicando as defesas.
Pauta
Independentemente da sentença, prevista para 12 de setembro, o julgamento de Bolsonaro deve continuar a dominar o debate político no Brasil pelo menos até as eleições de 2026. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, voltou a afirmar que, se eleito, concederá um indulto a Bolsonaro.
Perdão
Indagado sobre a pretensão de anistiar Bolsonaro, Freitas foi assertivo: “Na hora. Primeiro ato. Porque eu acho que tudo isso que está acontecendo é absolutamente desarrazoado”, ele disse ao Diário do Grande ABC. “Não acredito em elementos para ele ser condenado, mas infelizmente hoje eu não posso falar que confio na Justiça”, disse.
Leitura
Tarcísio negou que seja candidato à Presidência e reforçou o coro por anistia no Congresso. “Essa solução não é novidade, esteve presente em outros momentos do Brasil”, declarou, citando episódios desde revoltas do período colonial até o “movimento de 64”.
Slogan
Enquanto observa de longe o julgamento de seu principal adversário político, o presidente Lula e seu governo lançaram uma nova campanha com tom patriótico e um novo slogan, “Governo do Brasil ao lado do povo brasileiro”. (Poder360)
Crimes
No final da semana passada foi noticiado que criminosos digitais atacaram o ambiente de transações do Pix e desviaram R$ 670 milhões de uma empresa responsável por conectar bancos ao sistema de pagamentos.
Assiduidade
Este é o segundo golpe do tipo registrado no Brasil em apenas dois meses, e o valor subtraído já ultrapassa a marca de R$ 1 bilhão. O alvo desta vez foi a Sinqia, empresa de tecnologia que atua como intermediária entre instituições financeiras e o Banco Central. As investigações apontam que mais de 90% dos recursos desviados pertenciam ao HSBC, que perdeu R$ 630 milhões.
Balanço
Já a Sociedade de Crédito Direto Artta perdeu R$ 40 milhões. De acordo com as apurações, os criminosos foram contidos por mecanismos de defesa acionados pelo próprio Banco Central. O ataque ocorre exatamente dois meses depois de um desvio de mais de R$ 500 milhões contra a C&M, empresa que presta serviços semelhantes aos da Sinqia.
Tragédia
Mais de 800 pessoas morreram e outras 1.300 ficaram feridas após um terremoto de magnitude 6 atingir o leste do Afeganistão na noite de ontem, domingo, 31. O epicentro foi registrado próximo a Jalalabad, mas os tremores foram sentidos também na capital Cabul e em regiões do Paquistão.
Complicadores
O acesso às áreas atingidas é dificultado pelo terreno montanhoso e por deslizamentos de terra, que se somam a uma crise humanitária, com hospitais fechados por falta de recursos desde a suspensão da ajuda externa, e milhões de afegãos voltando ao país após deportações do Paquistão e do Irã. A ONU estima que mais da metade da população do país depende de ajuda para sobreviver.