O prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom (PL), em fala proferida durante a abertura da VI Semana da Engenharia da Universidade Federal do Acre (Ufac), na noite de terça-feira, 29, terminou por gerar uma grande polêmica, ensejando notas de repúdios emitidas por entidades ligadas aos engenheiros civis.
O pomo da discórdia
Bocalom revelou que “gosta de deixar os engenheiros doidinhos com suas exigências nas obras”, além de ter sugerido a substituição deles por estagiários em obras municipais.
Reação
Ontem, instado por populares a avaliar as declarações do prefeito, entidades classistas – no caso Sindicato dos Engenheiros do Acre (Senge-AC), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Acre/Crea-AC e a Coordenação de Engenharia Civil da Universidade Federal do Acre/UFAC – reagiram a fala do prefeito.
Reconhecimento
O Senge-Ac cobrou do governante “reconhecimento a critérios técnicos e a experiência de profissionais qualificados que dedicam suas carreiras a garantir a segurança e a eficácia das construções e serviços que beneficiam a sociedade”.
Palpite infeliz
Por seu turno, em nota conjunta, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Acre/Crea-AC e a Coordenação de Engenharia Civil da Universidade Federal do Acre/UFAC, admoestou o governante, expressando que “tais malsinadas declarações, além de comprometerem a imagem e a dignidade dos Engenheiros Civis perante a sociedade, desrespeitam seus direitos e o exercício profissional, que são conduzidos em conformidade com as diretrizes do conselho de classe e com a Qualificação Técnica adquirida ao longo de sua formação universitária”.
Rescaldo
Aduz, ainda, que as declarações “poderão trazer irreparáveis danos profissionais e morais”, e que “pronunciadas em um ambiente acadêmico, onde se espera o incentivo e reconhecimento aos futuros profissionais, essas palavras, certamente, terão um impacto constrangedor e desmotivador sobre os acadêmicos e futuros Engenheiros Civis, ali presentes, que se preparam para contribuir com o desenvolvimento do nosso município e estado”.
Contraponto
Contestando as notas das entidades classistas, a comunicação da Prefeitura de Rio Branco também lançou nota considerando que ao “classificar algumas obras públicas realizadas na capital acreana de má qualidade” fazia referência a “alguns profissionais desatentos a cobrança da qualidade da obra e deveriam se ater às suas funções com maior zelo, até por se tratar de recursos públicos, valendo ressaltar que é visível o desperdício do dinheiro do povo em obras como, por exemplo o “Programa Ruas do Povo”, com pavimento asfáltico que não suportaram a primeira chuva”
Exemplos
A PMRB também evoca a situação das “redes de esgoto fora dos padrões e incompletas, além das mais de 100 estações compactas de tratamento que nunca funcionaram; das 12 creches construídas entre 2012 e 2015 que, segundo o Ministério da Educação, ficaram com mais de 800 inconsistências como vigas que estavam especificadas no projeto 40 cm X 17 cm e foram realizadas com 17cm X 11 cm e que até o momento não se conseguiu prestar contas com o Ministério, dentre outras”.
Distorção
Diz ainda o comunicado do poder municipal que “o prefeito em nenhum momento menosprezou a importância dos profissionais da engenharia, por outro lado, sim, orientou maior dedicação nos projetos e, acima de tudo, denota a preocupação em gastar bem o dinheiro público para que enfim, obras não tenham que ser refeitas onerando os cofres da municipalidade, que ao invés de gastar bem os recursos em outras obras de interesse social e coletivo, necessita de reparos, como estamos refazendo algumas construções alheias aos padrões de qualidade”.
Reconhecimento
Ainda sobre o tema, o prefeito Tião Bocalom “reitera o seu respeito a categoria e reconhece que sem esses valorosos profissionais as grandes obras, como o viaduto da Dias Martins, o viaduto da AABB, a construção do Novo Mercado dos Colonos e ainda, várias outras creches e postos de saúde entre outros, não seriam possíveis pela necessidade de realização, acompanhamento e fiscalização. Enfim, é louvável a coragem do prefeito Tião Bocalom em ser verdadeiro em suas palavras, sem se importar que doam em alguns atores acostumados a não serem contestados”.
Postura
Por fim, registra “o respeito do prefeito a todos os engenheiros e esperamos não ter sido mais uma vez incompreendido, dado as suas preocupações em bem fazer a coisa certa e o melhor para a nossa querida Rio Branco”.
“Avant premiere”
Com o objetivo de combater o avanço do crime organizado, o presidente Lula (PT) apresentou ontem, 31/10, a governadores, no Palácio do Planalto, as ideias principais da PEC da Segurança Pública.
Competência
Entre os pontos previstos no projeto, que será enviado ao Congresso, a União assume a competência de definir diretrizes da política de segurança pública, incluindo o sistema penitenciário. Além disso, pretende-se incluir na Constituição o Sistema Público de Segurança Pública (SUSP), ampliar as atribuições da Polícia Federal e criar uma nova polícia que faça patrulhamento ostensivo em ferrovias e hidrovias. Também está prevista a integração dos sistemas de segurança.
Pacto
No encontro, Lula defendeu um pacto federativo entre os Poderes. “A gente vê, de vez em quando, falar do Comando Vermelho, do PCC. E eles estão em quase todos os estados, disputando eleições e elegendo vereadores. E, quem sabe, indicando pessoas para utilizar cargos importantes nas instituições brasileiras”, afirmou. O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, ressaltou que o texto não altera a competência dos estados e que as diretrizes serão elaboradas com os governadores.
Discordâncias
Na saída do encontro, parte dos governadores criticou a PEC. “O problema meu não é o do Piauí, que não é o do Amazonas. Nós temos problemas regionais muito mais relevantes”, queixou-se o governador Cláudio Castro (PL-RJ). As reclamações foram acompanhadas por Ronaldo Caiado (União-GO), que declarou: “Não vou botar câmera em policial meu”. Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerou a iniciativa “bem-vinda” e disse que a PEC não é um “produto pronto”, pois o presidente convocou os governadores para ouvi-los.
Perdas e danos
Temendo que a possível eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) à presidência da Câmara acabe deixando o partido sem espaço na Mesa Diretora, o União Brasil desistiu de lançar o antes favorito Elmar Nascimento (BA) como candidato. Uma delegação da legenda vai negociar o apoio à candidatura de Motta. Nascimento afirmou que já começou perdendo. “Perdi um amigo que considerava que era meu melhor amigo”, disse o baiano, líder de sua sigla na Câmara, referindo-se a Arthur Lira (PP-AL), que desistiu de apoiá-lo em favor de Motta.