O senador Márcio Bittar (PL), por ocasião da inauguração da Ponte da Sibéria, em Xapuri, por vias transversas, verbalizou o que todos no ´meio político já intuíam: o prefeito Tião Bocalom (PL) irá largar a prefeitura em abril do ano vindouro para se aventurar na disputa ao Palácio Rio Branco nas eleições de 2026.
Força Maior
Ancorado no argumento de que ‘pessoas importantes’ do governo Gladson Cameli (PP) dispensavam considerações críticas ao ídolo da dupla, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ora dando um tempo forçado numa unidade da Policia Federal em Brasília, Bittar considerou prejudicada a adesão do PL a candidata oficial do Palácio Rio Branco, no caso a candidatura da vice-governadora Mailza Assis (PP).
Me dê motivos
Em sua fala, Bittar remeteu sobre a impossibilidade de reeditar a coligação que ano passado que levou Bocalom à reeleição na disputa de Rio Branco. O senador, em público, deixou subentendido que o PL não apoiaria Mailza. Citou “pessoas importantes”, sem dar nomes, que não querem esta composição. Aduziu que, dentro do governo, há quem não entenda sua obstinação em defender o ex-presidente Bolsonaro, e que, para ele, Bittar, seria inviável nesse cenário.
Óbices
“Eu tenho muita dificuldade de levar o partido do presidente Bolsonaro para uma aliança se na aliança pessoas importantes não a querem”, disse Bittar, deixando patenteado que o Partido Liberal terá candidatura própria.
Chancela
Ontem, segunda feira, 24, Bocalom ecoou Bittar, falando da dificuldade em formalizar a aliança com os governistas. “Infelizmente, dentro do governo tem algumas pessoas que falam contra [o Bolsonaro] e que são pessoas influentes. O Márcio Bittar falou nesse sentido. Não é questão do governo como um todo. Ele falou de pessoas dentro do governo que criam problemas. Como ele [Bittar] disse, como é que a gente vai ter dentro do nosso palanque pessoas que critiquem o nosso maior líder? Eu acho que ele está corretíssimo”, ressoou Bocalom.
Morde e assopra
Pré-candidato ao governo do Acre, o prefeito deixou claro, no entanto, que as críticas a Bolsonaro não partem do governador. “Gladson tem sido sempre um grande parceiro e um grande amigo, e nunca ninguém ouviu da boca dele qualquer insinuação contra o Bolsonaro. Pelo contrário, ele sempre esteve ao lado do Bolsonaro. Nunca falou contra”, afiançou Bocalom.
Balão
Sentindo o cheiro de queimado e por ter sido crítico ao ex-presidente Bolsonaro em entrevistas recentes, o Secretário de Governo Luiz Calixto também teceu comentários sobre a postura da dupla liberal (Bittar e Bocalom): “Desconheço qualquer pessoa que seja contra a uma aliança com o PL. O PL é muito bem-vindo e será tratado e recepcionado com todas as honras. Todos são favoráveis a essa aliança”, frisou Calixto, que reiterou que não sabe da onde Bittar “tirou essa especulação descabida”.
Discernimento
Calixto pontuou que é necessário o PL entender que o governo já tem uma candidata definida, que é a vice-governadora Mailza Assis. “Não obstante, o partido (PL) tem que saber que nós temos uma candidata já definida, preparada, muito bem posicionada e pronta para o embate”, finalizou.

Conta outra
Os argumentos de que o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou retirar a tornozeleira eletrônica por conta de um surto causado por medicamentos não convenceram a Primeira Turma do STF. Por unanimidade os ministros confirmaram a decisão de Alexandre de Moraes de prender Bolsonaro preventivamente.
Radicalização
Com a decisão da Primeira Turma do STF, os bolsonaristas decidiram ir para o tudo ou nada no Congresso. A estratégia foi definida em uma reunião entre Michelle Bolsonaro e os filhos do ex-presidente: os vereadores Carlos (Republicanos-RJ), Jair Renan (PL-SC) e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), além do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e parlamentares do partido. Flávio afirmou que a prioridade absoluta agora é fazer o projeto avançar na Câmara. Segundo ele, a oposição só trabalha com a aprovação da anistia e não aceitará negociar dosimetria das penas. “Nosso compromisso é com a anistia. O texto final vai a voto”, disse.
Versão
Sobre a estratégia a ser colocada em prática pelos bolsonaristas, em entrevista Carlos Bolsonaro, o filho 03, reafirmou a tese de que seu pai sofreu um surto ao tentar violar a tornozeleira eletrônica. “Vocês mesmo da imprensa disseram que o presidente Bolsonaro não estava numa situação normal. Se ele realmente quisesse fugir, iria na correia [da tornozeleira], não na caixa”, disse.
Estratégia
Já a defesa de Bolsonaro partiu para uma estratégia arriscada, como conta Fausto Macedo, no jornal O Estado de São Paulo. Os advogados não apresentaram novos embargos de declaração, que discutem pontos do acórdão e cujo prazo terminava à meia-noite de ontem. Em vez disso, devem entrar com embargos infringentes, que questionam a própria condenação. O problema é que a jurisprudência do STF é de não aceitar esse tipo de recurso, o que permitiria a declaração de trânsito em julgado ainda hoje e a transformação da prisão preventiva em definitiva.
Rotina no cárcere
No terceiro dia preso na Superintendência da PF em Brasília, Jair Bolsonaro parece começar a criar uma rotina. Na manhã desta segunda-feira, ele tomou sol no pátio interno, de bermuda e chinelo, sob supervisão de um policial. Chegou a conversar com o agente até a chuva encerrar o momento. Bolsonaro tem recusado as refeições da PF e adotado um cardápio mais leve, com alimentos trazidos por familiares.

Retrato
A prisão de Bolsonaro não mudou o cenário político. Segundo dados da AP Exata, Lula e Bolsonaro seguem como polos opostos e iguais: ambos têm 66% de menções negativas e concentram cerca de 35% do volume das redes.
Decibéis
A confiança nos dois também é idêntica, aparecendo em só 13% dos posts. Esse equilíbrio faz com que crises envolvendo um acabem desgastando o outro, repetindo a lógica de 2022. O episódio da tornozeleira eletrônica confirma isso: apesar do potencial de gerar um grande impacto político, a explicação médica ganhou força, minimizando a leitura de tentativa de fuga e transformando o caso em mais um ruído momentâneo.
Inferno astral
Mesmo com a prisão de Bolsonaro, a semana não começou nada bem para o governo no Congresso. No Senado, a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar a vaga aberta no STF não foi bem recebida. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União-AP), respondeu com frieza à carta publicada por Messias com elogios ao senador. Segundo Alcolumbre, o Senado cumprirá sua missão e votará a indicação “no momento oportuno”. Mais tarde, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), reconheceu que há muita tensão na Casa e que a votação sobre o nome do AGU para o STF pode ficar apenas para o ano que vem.
Corta aqui
Já na Câmara, azedou de vez a relação entre o líder do PT, deputado Lindbergh Farias, e o presidente da Casa, Hugo Motta. Motta afirmou não querer “nenhum tipo de relação” com Lindbergh, que, segundo ele, age como se fosse líder do governo. Farias rebateu chamando Motta de “imaturo”.
