A médica Maria Emília Gadelha Serra, pós-graduada em perícias médicas na Santa Casa de São Paulo, destaca possível omissão da Universidade de São Paulo na solicitação de exames necessários para diagnosticar o efeito da vacina contra HPV em um grupo de aproximadamente 90 adolescentes
acreanas que passaram a sofrer problemas neurológicos. A especialista foi convidada para avaliar a dimensão do drama pela Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa do Acre.
De acordo com Maria Emília ninguém pode dizer que o efeito colateral é psicológico ou psicogênico, é preciso um diagnóstico correto para um tratamento adequado. “Quando se começa uma investigação partindo de um pressuposto não se pode descartar possibilidades, quando você fecha estas possibilidades você está omitindo, você tem que abrir um leque e buscar onde tenha informações que possam alimentar sua opinião em um diagnóstico futuro”, comentou a médica referindo-se ao diagnóstico que vem sendo defendido na Aleac por especialistas da Universidade de São Paulo.
Maria Emília informa que muitas das garotas afetadas pela vacina têm crises que se constituem em abalos musculares que têm origens em áreas mais profundas do cérebro, razão pela qual ela acredita que os exames realizados até o momento tenham sido inadequados. De acordo com a médica, exames mostram que a vacina contaminou as garotas com chumbo e outros metais. Ela defende que em primeiro lugar deve-se tratar a contaminação pelos metais e em seguida os efeitos colaterais.
De acordo com o presidente da Comissão de Saúde da Alaec, deputado José Bestene, a opinião da médica irá se contrapor à análise de especialistas da Universidade de São Paulo que estão auxiliando a investigação das causas do grande número de adolescentes supostamente contaminadas pela vacina. “Corta o coração da gente, meninas que estavam em perfeito estado de saúde de repente amanheceram doentes, totalmente dependentes”, comentou Bestene.
O deputado e médico Jenilson Leite (PSB) diz que uma eventual prova de que a vacina contra HPV causou problemas no Acre não pode servir como motivo para generalizar um movimento anti-vacinação. “Nós precisamos buscar mais informações sobre o caso, precisamos refletir e não generalizar, são graças às vacinas que ganhamos mais expectativa de vida, mas as vacinas também estão sujeitas à falhas e por isso estamos alertas e chamamos a doutora Emília”, comentou o parlamentar.
Lene Correia, a mãe de uma menina de 16 anos, viu sua vida se desiquilibrar quando a filha foi vacinada em 2014 e passou a ser totalmente dependente, incapaz de se locomover e se alimentar sem auxílio de terceiros. “Eu fui a primeira que procurou o Ministério Público, ninguém queria acreditar, achavam que a vacina não poderia fazer mal, foi muito difícil pra denunciar”, lembra Neila.