Ex-presidente foi indiciado pela Polícia Federal por três crimes relacionados à abolição do estado democrático de direito
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, em entrevista à revista VEJA publicada nesta sexta-feira (22), que nunca debateu um plano para matar autoridades como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e seu vice Geraldo Alckmin (PSB) , bem como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes .
Quando a operação da Polícia Federal revelando o caso foi deflagrada, na última terça-feira (19), Bolsonaro estava em Alagoas. Naquele dia, Mario Fernandes, secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência de Bolsonaro, foi preso, ao lado de outros três militares.
A entrevista para a Veja foi gravada no dia seguinte, quarta-feira (20), ainda antes de Bolsonaro ser indiciado pela Polícia Federal como “líder da organização criminosa” que tentou um golpe de Estado em 2022.
“Lá na Presidência havia mais ou menos 3.000 pessoas naquele prédio. Se um cara bola um negócio qualquer, o que eu tenho a ver com isso? Discutir comigo um plano para matar alguém, isso nunca aconteceu”, disse à Veja.
Ele também negou que tivesse tentado dar um golpe de estado, mas não afastou a hipótese de ter ventilado a possibilidade.
“Eu jamais compactuaria com qualquer plano para dar um golpe. Quando falavam comigo, era sempre para usar o estado de sítio, algo constitucional, que dependeria do aval do Congresso”, completou.
O ex-presidente foi indiciado, junto com outras 36 pessoas , pelos crimes de tentativa de golpe, tentativa de abolição do estado de direito e organização criminosa na quinta-feira (21).
No inquérito que levou à prisão dos militares, a Polícia Federal destacou algumas informações sobre o vínculo entre o general Mario Fernandes e Bolsonaro. Em mensagens trocadas, o militar mencionou que o ex-presidente havia aceitado o “nosso assessoramento”.
O general também esteve no Palácio da Alvorada, onde Bolsonaro permaneceu isolado após sua derrota para Lula, um dia depois de imprimir o plano golpista em uma impressora do Planalto. Ao longo de novembro e dezembro de 2022, o general fez pelo menos duas visitas ao ex-presidente.