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Ecossistema partidário em processo de evolução

Ecossistema partidário em processo de evolução

Já é possível esboçar alguns cenários do ecossistema partidário que emergirá das eleições municipais e das articulações para a sucessão na Câmara dos Deputados.

Partidos de centro, com MDB e PSD à frente, devem sair mais fortes do pleito municipal. Eles lançaram um número expressivo de candidatos. Conseguindo reeleger seus atuais prefeitos e atingindo uma média de 40% de sucesso em relação aos candidatos não incumbentes, o que uma fonte diz ser uma meta bastante factível, os dois partidos comandarão uma quantidade grande de municípios.

O prognóstico para os candidatos de esquerda é pessimista. E os de direita têm chances em cidades de médio e grande porte, apostam líderes partidários, mas também não estão bem nas principais capitais do país.

Na eleição para presidente da Câmara, por sua vez, hoje o favoritismo está com a candidatura de Hugo Motta (Republicanos-PB), lançada em consórcio por Republicanos e PP, e com articulação do presidente Arthur Lira (PP-AL).

É com esse pano de fundo que ocorrem algumas projeções sobre como as eleições municipais definirão a capilaridade dos partidos políticos para 2026, quantas siglas devem sobreviver e a constituição de novas federações partidárias. Em paralelo, discute-se também a viabilidade de as grandes siglas realizarem nova alteração na legislação eleitoral, com o intuito de acelerar o processo de decantação do sistema partidário.

Segundo o dirigente de uma dessas siglas, essa seria uma medida necessária para a implementação de mais barreiras contra legendas de aluguel e candidatos aventureiros que, devido ao seu alto poder aquisitivo, não precisam se preocupar com acesso ao fundo eleitoral e podem se dar ao luxo de evitar filtros partidários. O argumento ganha importância em razão da crescente preocupação com a presença do crime organizado na política, inclusive em grandes capitais como São Paulo.

Nas contas desse dirigente, os oito maiores partidos com representação tanto na Câmara quanto no Senado teriam número de votos para aprovar, com facilidade, uma proposta de emenda constitucional visando uma nova reforma eleitoral a ser implementada antes de 2026. Precisariam chegar a um acordo quanto aos termos da PEC.

A tramitação na Câmara das propostas de regulamentação da reforma tributária do consumo pode ser considerada uma demonstração de como funcionaria um ambiente partidário mais enxuto. Muitos criticaram Lira quando foi anunciada a criação de dois grupos de trabalho sem relatores e à margem das comissões tradicionais. Estes alertaram que haveria uma concentração de poderes na própria presidência da Câmara, mas os GTs, compostos cada um por representantes de sete partidos, conseguiram alinhar textos complexos com as várias bancadas antes que as propostas fossem enviadas para aprovação em plenário. Fez-se o que outros tantos consideravam impossível.

Fernando Exman – jornalista

Fonte: https://valor.globo.com/