“Geralmente erra mais quem decide cedo do que quem decide tarde; mas, depois de tomada a decisão, é necessário recuperar o atraso da sua execução.”
Francesco Guicciardini (1483 – 1540)
As eleições de 2022, não será uma Maratona, uma corrida de fundo. Pelo contrário, será uma corrida de 400 metros rasos com barreira e em equipe. Pelo calendário do TSE, as convenções partidárias se encerram no dia 5 de agosto e a campanha eleitoral com comícios, distribuição de material gráfico, propagandas na internet e caminhadas deverá ocorrer a partir de 16 de agosto. Já as peças publicitárias em horário gratuito de rádio e televisão ficam liberadas entre 26 de agosto e 29 de setembro. Serão apenas 45 dias de campanha, incluindo o feriado de 7 de setembro, no bicentenário da independência.
Com um calendário tão apertado como esse, necessário se trabalhar sincronizado com o cronômetro e saber usar com precisão, o que os ingleses chamam de “timing” e de “feeling” político nas tomadas de decisões.
“Aproveitar o “timing” significa atuar no momento certo, nem antes nem depois. O sucesso de qualquer ação não depende apenas de sua eficiência/eficácia, ou ainda da destreza da equipe que a realiza depende também do fator tempo. O “timing” é a ‘a relação do indivíduo com o tempo/espaço’, o contexto em que algum fato acontece e a reação que ele provoca em um cenário específico.”
Já o “feeling” é a habilidade para fazer certas coisas ou tomar medidas no momento mais adequado e oportuno. Mesmo depois de avaliar os prós e contras, se ainda temos dúvidas, é ao feeling, que tendemos a recorrer para, enfim, nos decidirmos sobre algo. Ele envolve aspectos racionais, emocionais, sentimentos e intuição.”
Sem entrar no mérito da decisão do nosso “atleta” mais preparado, o Jorge Viana (já externei minha opinião sobre o assunto), considero que a decisão demorou a ser tomada e ficou me parecendo que as mexidas ocorridas no tabuleiro político com o lançamento da Márcia Bittar para a composição da chapa com Gladson para a reeleição, contribuiu para o Jorge se anunciar para também disputar o governo, causando certa turbulência na situação e uma euforia no nosso campo. Entretanto o suspense continuou e, nesse intervalo o PSB, com Jenilson, queima a largada pela 2ª vez, lançando-se de forma unilateral, candidato ao Senado.
Esse movimento do Jenilson pode comprometer o desempenho da equipe da oposição, que agora corre contra o relógio na recomposição da estratégia eleitoral. Após a decisão do Jorge de disputar a única vaga para o senado, como fica a composição do restante da chapa majoritária?
- O PT sai com chapa “puro sangue” para Governo e Senado?
- O PT Compõe com os partidos da Federação (PC do B e PV) a chapa de suplência para o Senado e de vice-governador?
- A Federação (PT, PC do B e PV) vão esperar a 3ª largada do PSB para abrir novas negociações para chapa majoritária?
- Os quadros do PT, que já estão com candidaturas proporcionais colocadas, se disporiam para a disputa majoritária ao governo?
São muitas as variáveis a serem consideradas. O certo é que dispomos de bons quadros políticos para apresentar a sociedade acreana. Temos o maior e melhor cabo eleitoral que pode alavancar votos, o Lula; temos um legado político/administrativo, invejável e uma militância, que está ansiosa para cair em campo, aguardando apenas uma voz firme de comando.
É verdade que a situação da oposição se complicou um pouco, mas por outro lado, o quadro da situação também não é confortável. As defecções continuam; ainda não conseguiram montar a chapa majoritária; paira sobre o governador acusações gravíssimas e o processo está em curso; e a inoperância administrativa não respalda o governador pleitear um 2º mandato.
Por sua vez, no quadro nacional, os cenários são promissores para o nosso campo:
- A “matriz” manda avisar aos militares e ao governo que não quer golpe e os resultados das urnas devem ser respeitados;
- Os donos do capital e o “mercado” abandonaram o capitão, cujo isolamento é cada vez maior;
- A sociedade civil se mobiliza e lançam a “CARTA ÁS BRASILEIRAS E BRASILEIROS EM DEFESA DO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO” que em poucos dias já recolheu mais de 300 mil assinaturas (inclusive a minha);
- Todos os institutos de pesquisa de intenção de votos, apontam para a possibilidade de Lula liquidar a fatura eleitoral logo no 1º turno. A se confirmar essa possibilidade, o Lula se torna o grande eleitor para quem for para o 2º turno no campo democrático dos governos estaduais.
No folclore político brasileiro, dizem que o “centrão” não vai a enterro. Então se preparem para ver nos próximos dias os “ratos abandonarem o navio” do capitão.
Rio Branco (AC), 29 de julho de 2022
*Marcos Inácio Fernandes, é militante do PT