Bolsonaro deve ter pensado que ele e Moro sairiam do Maracanã consagrados pelos aplausos,
“Se estiver passando pelo inferno, continue caminhando.” Winston Churchill
O julgamento da suspeição de Moro reacendeu a esperança no campo progressista. As revelações do site The Intercept são categóricas. Diante de tantas evidências de conluio, por que Lula continua preso?
O golpe tragou os partidos e asfaltou o caminho do obscurantismo. Restaram duas correntes políticas: o bolsonarismo e o lulismo.
A aliança bolsonarista é formada por olavistas, militares, empresários outsiders, setores evangélicos e o partido da Lava Jato. Na outra ponta, o lulismo. As demais forças políticas estão fragmentadas, tragadas pela polarização Bolsonaro x Lula/PT.
Não existe ainda liderança ou programa que aglutine forças capazes de conformar um terceiro pólo, que se apresente como alternativa de poder real.
Esta situação interessa ao Capitão. Moro desnudado? “Querem livrar Lula”. Para qualquer erro ou ataque ao governo, a resposta é sempre a mesma: “culpa dos petistas”. É uma manobra inteligente. A maior Frente Ampla existente continua sendo contra o PT.
Se os mesmos fatos revelados pelo jornalista Glenn Greenwald envolvessem outro personagem, muito provavelmente o ministro Celso de Mello, conhecido como garantista, teria votado pela suspeição de Moro.
A defesa do Estado Democrático de Direito é uma bandeira ampla, desde que ela não bata de frente com a outra Frente Ampla, que recusa a volta do PT ao poder.
A suspeição do ex-juiz levaria naturalmente à anulação da condenação de Lula. Já imaginaram Luiz Inácio saindo da cadeia inocentado? Sairia de Curitiba direto para Roma, onde seria canonizado em vida pelo Papa. O Nobel da Paz seria barbada.
O povo brasileiro não tolera injustiça. A facada vitimizou Bolsonaro e lhe foi fundamental. A anulação do processo seria a “facada” decisiva de Lula. A eleição viraria um mero problema técnico-temporal para sua volta ao Planalto.
Existe correlação de forças na sociedade para um movimento desta envergadura? É ilusão imaginar poderes técnicos, isolados da luta de classes.
Um movimento tático de Lula, de se “misturar” numa Frente, desmontaria a estratégia do inimigo e poderia isolar Bolsonaro.
Numa guerra assimétrica, enfrentar o inimigo de peito aberto é suicídio. De qualquer forma, não é simples a maior força política aceitar uma manobra tática defensiva que lhe tire protagonismo.
Seria uma estupidez, uma ignomínia dizer que o ex-presidente continua preso por sua culpa. Entretanto, é pouco provável que ele saia da cadeia sem uma alteração na correlação de forças. A polarização alimenta o exército adversário. Não haverá uma guinada à esquerda.
Se não houver nenhum milagre, só Lula é capaz de tirar Lula da cadeia. O ex-presidente tem papel central na construção de uma saída para o país.
Para quem nasceu marcando posição e conseguiu chegar ao poder, não é uma decisão fácil, mas como disse Churchill, é preciso continuar caminhando.
Jornalista
O ministro da Justiça Sérgio Moro cresceu em ousadia, mesmo após a sequência de revelações do The Intercept
A exemplo das hordas nazifascistas, que espalharam ódio e violência na Alemanha e na Itália
Sérgio Moro deixou de ser troféu e passou a bonequinho do bolsonarismo.
Está perdendo suas forças próprias.
Tornou-se dependente do próprio Jair, os escroques de O Bolsonarista, dos maníacos do Pavão, dos tuítes do Carluxo, dos surtos do General Heleno, de toda este pântano fétido que se constitui o governo, acrescido da “turma do mercado” que tem sonantes razões para estar a favor da lama.
Tem os 30% que o fanatismo ainda retém.
Seu círculo de influência, que ia muito além dos minions e correlatos, estreitou-se a ponto de quase se confundirem os dois, não cessa de encolher e é provável que siga se encolhendo enquanto se aproximam dois momentos terríveis para sua imagem.
Refiro-me aos áudios – que, segundo Ricardo Noblat, seriam 2 mil – e ao julgamento, em agosto, de sua suspeição no Supremo Tribunal Federal, onde parece deteriorar-se a situação do ex-juiz.
Antes, outro percalço: a intimação do ministro Bruno Dantas, do TCU, a que Paulo Guedes e o presidente do Coaf, Roberto Leal, para saber se foi mesmo ordenada a investigação sobre as finanças de Glenn Greenwald, o que será, se admitido, gasolina na fogueira.
Nos jornais, fala-se que, perdido o STF, seu projeto agora ser o candidato a vice de Bolsonaro nas eleições de 2022.
Isto é, para usar suas próprias palavras,”um balão vazio, cheio de nada”.
Jornalista
Fonte: http://www.tijolaco.net
Mesmo em queda nas pesquisas, Bolsonaro continua a testar o humor das
Não tenho informações sobre o que acontece nos bastidores da Veja, revista onde trabalhei durante nove anos, entre 1988 e 1997. Só consigo imaginar.
Desde que expulsou Joice Hasselman e sustentou que o nazismo não é de esquerda, Veja passou a ser atacada pelos fascistas-bolsonaristas, que a chamam de “comunista”, mesmo sem saberem direito o que é isso.
Certamente a direção percebeu que não há meio de manter a aliança com o fascismo vigente nos tempos em que a prioridade era derrotar o petismo. Cumprida essa tarefa “histórica” da burguesia brasileira, a revista agora se vê na necessidade de se diferenciar da turba de imbecis e de milicianos que chegaram ao poder em Brasília. Precisa demarcar campo perante o extremismo histérico à la Diogo Mainardi e Mario Sabino, seus ex-quadros que hoje se tornaram porta-vozes do olavismo.
A Veja é neoliberal, elitista e golpista, pró-EUA e com padrões éticos muito discutíveis (para dizer o mínimo), mas não tem como se tornar uma publicação de extrema-direita para agradar seu público. A revista sempre exibiu posições progressistas em temas como homossexualidade, feminismo e racismo. Defende a herança do Iluminismo, a ciência e os rituais da democracia representativa. Torceu por Hillary Clinton contra Trump.
No momento, Veja trata de reassumir seu antigo perfil de “centro-liberal”, evitando confrontar com os leitores (ampla maioria) que ainda idolatram Bolsonaro.
Reparem que a revista escreveu na capa “Justiça com as próprias mãos”, quando a palavra correta, obviamente, seria “injustiça”. Fez isso por medo de queimar definitivamente os navios com seu público reacionário. E também porque tenta se esquivar ao imperativo básico de coerência que a interpela a explicar o papel infame que exerceu, durante anos, em apoio à grande fraude da Lava-Jato.
Veja nesta semana mostrou que ainda está viva. Mas não tem jeito. Vai perder muitos e muitos leitores de direita, sem reconquistar espaço na centro-esquerda. Consultórios médicos e dentários continuarão cancelando suas assinaturas. Essa é a sina da publicação que em um passado nem tão distante se vangloriava de ser uma das maiores revistas semanais do mundo.
Veja deve sobreviver ao naufrágio da Editora Abril, ainda que se torne muitíssimo menor do que já foi. A parceria com Glenn Grenwald é uma chance de escapar da irrelevância a que parecia condenada.
Jornalista
Fonte: https://www.brasil247.com
O povo vai dizer se estamos certos ou não” (Jair Bolsonaro, presidente da República).
Em si, Sergio Moro não tem mais importância na política brasileira. Todos os verbos que se referem a ele estão no passado.
O desmatamento explodiu na Amazônia no mês de junho passado, quando foram colocados abaixo 92 mil